segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Sport vai com tudo para Libertadores.

Sport Recife: desconhecido, mas respeitado
Imagem: Fred Figueiroa/DP/D.A Press
Inácio Fernandes tira fotos com o celular do sobrinho perto do gramado do David Arellano. O menino, devidamente uniformizado, ri envergonhado e obedece às ordens de exibir e beijar o escudo. Cenas da tranqüilidade quase melancólica de uma partida válida pela terceira rodada do Campeonato Chileno (Apertura). A certeza da vitória do Colo Colo e a própria importância reduzida daquele jogo permitiam aquele clima. Crianças muito novas corriam pelo estádio com suas bandeiras e, principalmente, ficavam coladas no vidro que separa do gramado para tentar fotografar os ídolos mais de perto. Atrás de uma das traves, haviam exatos oito torcedores do time adversário.
“Trago ele para jogos assim para ir se acostumando com as vitórias e a amar o clube”, diz o tio que, depois de amanhã, sabe que terá de deixar o sobrinho em casa. “Aí será outra coisa. Serão pelo menos 30 mil pessoas aqui, fácil, fácil”, adianta. O que Inácio e praticamente nenhum dos torcedores do Colo Colo consegue adiantar são informações – por mínimas que sejam – do primeiro adversário da Libertadores. O Sport, em Santiago, é Sport Recife. Para os mais desavisados, apenas Recife.
“Onde fica Recife?”; “O Sport chegou como na Libertadores?”; “ Ganhou o Campeonato Paulista?”...perguntas como essa eram comuns nas conversas com os torcedores chilenos. Sim, porque nem dava para chamar de entrevista, já que o repórter respondia mais do que perguntava. A tão poucos dias do jogo, eles estão ávidos por qualquer informação. Duas delas causam impacto: O fato de, na Copa do Brasil, o Sport ter eliminado o Palmeiras (time brasileiro mais citado e querido pelos chilenos, devido a passagem do ídolo nacional Valdívia. Havia até duas camisas no estádio); e a descoberta de que Roberto Rojas – ídolo histórico do Colo Colo – trabalha como treinador de goleiros do clube. A feição é de espanto e respeito , como se a presença de Rojas fosse um atestado de grandeza. “Pensei que ele era do São Paulo”, afirmou José Ibarra, um dos chefes de segurança do estádio – que também não acredita muito que haverão mais de 500 torcedores do Sport no jogo de quarta.
A passagem de Nelsinho Batista pelo Colo Colo também é lembrada por todos. Mas sem superdimensionar o assunto. Ibarra faz o gesto de um chute para dizer que Nelsinho não foi bem lá e terminou “chutado” dali. Inácio prefere destacar que o atual técnico do Sport levou o Colo Colo ao título chileno de 1999. Sem maiores entusiasmos.
Voltando às conversas sobre o Sport, houve uma resposta comum a todos os torcedores: “O jogo vai ser fácil para o Colo Colo?”, perguntei. Lorenço Rojas (com orgulho, mas sem parentesco no sobrenome) pensou muito. Fez silêncio por um tempo com o filho olhando pra ele e contando com o “sim”. Mas veio o “não sei...é um time brasileiro e isso já diz tudo”, conclui citando as campanhas de Atlético Paranaense, São Caetano e Fluminense – antigos “desconhecidos” que surpreenderam e chegaram até a final da Libertadores. Inácio vai direto ao ponto: “Se ele foi campeão no Brasil, se venceu o Palmeiras que todos nós conhecemos muito, deve ser um bom time”. Imagine o que ele diria se o jogo fosse contra o Palmeiras...
Por Fred Figueirôa, da equipe do DIARIO