terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Onde os fracos não tem vez.

As discussões entre os conceitos "revela jogadores" e "ganha títulos" quase sempre envolvem as competições de base. A conquista corintiana na Copa São Paulo de 2009 também merece essa análise. Afinal, apesar de bicampeão do torneio em 2004 e 2005, o Corinthians assistiu ao naufragar de toda uma geração naquela oportunidade.
Coincidentemente, à frente das três conquistas está o treinador Adaílton Ladeira. Veterano de Parque São Jorge, ele agradeceu ao apoio de Andrés Sanchez que, segundo Ladeira, o "bancou" no clube. Entretanto, é possível ver um fundo de razão na tentativa dos "detratores" do técnico três vezes campeão do torneio. Seja lá quais sejam elas.
Embora tenha sido bicampeão da Copinha em 2004 e 2005, o Timãozinho não entregou um só jogador de sucesso para os profissionais, em que pese o momento conturbado do clube naquela época. Entre os meninos vencedores, problemas dos mais diversos impediram a afirmação dos nomes entre os adultos. Dessa vez, o cenário parece idêntico.
Grande destaque da equipe nas duas primeiras Copinhas vencidas por Ladeira, o "foguete molhado" Élton se mostrou fisicamente e em especial taticamente despreparado para vestir a camisa de um clube grande. Esbanjava habilidade nos juniores, mas não conseguia produzir nada de útil no time de cima. Carregava muito a bola, mas não tinha uma clara dificuldade em tornar suas ações mais objetivas. Quando Leão, que apostava muito em seu futebol, o colocou para atuar de ala-esquerdo, Élton sumiu de vez.
Quem também não deu certo por ser fisicamente frágil foi o lateral Eduardo Ratinho. Apesar de destaque no título brasileiro de 2005, Ratinho nunca mais encontrou sua plenitude física e, pior: péssimo na marcação, não se afirmou em passagens por duas diferentes ligas européias. Hoje, amarga a reserva no Fluminense.
A falta de bom preparo psicológico afetou Rosinei, um ótimo valor do Timãozinho-04. Em meio a atletas consagrados como Tévez e Roger, mostoru-se um péssimo recém-chegado aos profissionais, onde foi indolente, não aprimou seus graves problemas no passe e ficou com ciúmes dos jogadores mais badalados. Até se negar a jogar de lateral-direito ele ousou após ser destaque no BR-05 e ver seu espaço limitado com a volta de Ricardinho. Situação parecida teve Dinélson, hoje no Coritiba, que só mostrou alguma coisa boa quando emprestado ao Paraná Clube.
Bobô, que encontrou os gols na Turquia, também enfrentou problemas parecidos: a cada chance clara de gol desperdiçada, mais nervoso ele ficava e o espaço se reduzia - logo saiu pela porta dos fundos. Jô, hoje valendo mais de 20 milhões de euros, viveu esse mesmo caos e só foi reconhecido, de fato, no CSKA Moscou. Fininho, que insultou até a torcida, é outro que foi para a Rússia.
A falta de recursos técnicos também minou as chances para nomes como Carlão, Wendel, Rafael Fefo, Bruno Octávio e Ronny. Jogadores de mera força física, sobrevam entre os mais jovens, mas se mostraram apenas meninos limitados perto dos homens no profissional.
Para o momento atual, há preocupações. Bruno Bertucci é ótimo, mas como diria o amigo Fred Lira, "tem a consciência tática de uma ostra". Boquita, comparado por Ladeira a Ademir da Guia, fez um torneio que beirou a mediocridade. Jadson parece correr mais que pensar, enquanto Marcelinho ainda é frágil demais para atuar entre jogadores mais velhos em partidas de alto nível. Fernando Henrique e Lucas Sascha parecem os mais prontos.
Olhando através desse prisma, São Paulo - com Henrique, Formigoni, Oscar e Wellington -, Cruzeiro - com Bernardo, Norberto, Dudu e Diego Renan - e Atlético-PR - com Manoel, Santos, Fransérgio, Raul e William - é que parecem os verdadeiros campeões da Copinha. Que o multicampeão Ladeira queime a minha língua.