quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A nova cara dos olheiros no futebol.


O futebol brasileiro como um todo passa por um processo de mutação. Isso vai desde a área executiva, com cada vez mais dirigentes de perfil profissional, até aos treinadores, que deixaram de ser “distribuidores de coletes” para se tornarem chefe de comissões técnicas multidisciplinares. A indefectível figura do olheiro, tão essencial em categorias de base, está inserida nesse contexto de evolução.É verdade que o caminhar das coisas não é meteórico e demorará a atingir todas as escalas, mas em alguns segmentos o velho olheiro já não tem espaço. Fundos de investimento como Traffic e Sonda têm papel de vanguarda nesse redimensionamento, em que se exige do profissional em questão o máximo de competência, eficácia e versatilidade. Do normalmente perfil de senhor barrigudo, contador de histórias, o olheiro moderno deve dominar diferentes tipos de análises. É necessário avaliar a capacidade técnica do atleta, claro, em primeiro lugar, mas também projetar sua evolução física, assistir à DVDs inteiros e editados, preparar relatórios e estudar o perfil psicológico, minuciosamente. São situações novas para o trabalho de observador técnico. “Não existe mais espaço para o boleiro, nós queremos atletas para investir”, explica Tarcísio Mariz, um dos olheiros da Traffic.Essencialmente na parceira palmeirense, onde os investimentos têm sido maiores e o risco de prejuízo deve ser minimizado ao máximo, se tratam os fatores supracitados com rigor. Júlio Mariz, presidente do fundo, garantiu, em contato com a coluna, que os resultados de sua equipe, comandada pelo ex-técnico Darío Pereyra, têm sido positivos. A chegada desses fundos de investimento, além de redimensionar o território de trabalho dos olheiros, abriu um universo novo em que os clubes grandes perdem espaço. Todos os observadores são unânimes em afirmar preferir o trabalho com empresas em comparação aos grandes clubes. Como oferecem boas recompensas, com agilidade e honestidade, os fundos têm ganhado espaço no garimpo às principais promessas, em um cenário que deve se ampliar em médio prazo. É claro que o universo do futebol é amplo e ainda há espaço para perfis dos mais diferentes tipos. O início de um novo processo, porém, já pode ser identificado e os fundos de investimento, devido à busca pela excelência e pela redução de riscos, fronteiam essa mudança que, a bem da verdade, é positiva. Que os grandes clubes se estruturem para essa competição. Por ora, sendo vencida pelas Traffics da vida.