sábado, 25 de abril de 2009

A síndrome da inveja.

Certa vez um amigo me disse; “o sucesso incomoda e incomoda muito, uma vez que ele te expõe, você passa a incomodar as pessoas menos preparadas ficando a mercê da inveja e da ingratidão”. Respondi a ele que o sucesso não existe, na verdade, as pessoas nunca devem buscar o sucesso, ele tem que ser conseqüência de um bom trabalho, de fazer as coisas certas com dignidade e ética. Sabemos que existem pessoas que buscam o sucesso a qualquer preço e neste sentido os valores morais não têm importância. Podemos comparar isto àquelas empresas que têm como missão apenas o lucro, ou aqueles gestores cujos únicos valores estão inseridos em uma planilha de Excel, neste sentido para eles o fim justifica os meios, mas, felizmente, não conseguem sobreviver por muito tempo. O fato é que quem brilha está sujeito à inveja e inveja é um sentimento extremamente feio, aliás, é muito mais do que isso se trata de um dos sete pecados capitais e com certeza o maior dos pecados.A inveja não brilha, esta afirmação nos faz lembrar de uma antiga estória da cobra que começou a perseguir um vaga-lume que só vivia para brilhar. Ele fugia rápido com medo da feroz predadora e a cobra nem pensava em desistir. Fugiu um dia e ela não desistia, dois dias e nada... Mas, no terceiro dia, já sem forças, o vaga-lume parou e disse à cobra;- Posso fazer três perguntas?- Não costumo abrir esse precedente para ninguém, mas, já que vou te comer mesmo, pode perguntar...- Pertenço a sua cadeia alimentar?- Não.- Te fiz alguma coisa?- Não.- Então por quê você quer me comer?- Porque não suporto ver você brilhar...Uma das causas mais influentes de nossa infelicidade é a inveja. Falar de inveja é falar de comparação. Quando uma pessoa se compara a outra e se sente inferior, em algum aspecto está com inveja. Não estamos afirmando que toda vez que uma pessoa se compara a outra está com inveja, estamos dizendo que nunca poderá haver o sentimento de inveja se não houver a comparação. A inveja é a vivência de um sentimento interior sob a forma de frustração, de tristeza, de mal-estar, por nos sentirmos menos, por não sermos o que os outros são. É o desequilibro íntimo oriundo de um sentimento de inferioridade, fruto da comparação que se faz em relação à outra pessoa em algum aspecto específico. Quando impedimos que alguém se desenvolva em todos os sentidos, estamos tentando esconder todas as nossas frustrações pessoais e principalmente o prestar contas com nosso próprio potencial não efetuado. Aferir nosso potencial perante outrem sempre será doloroso e quanto maior for o sentimento de estarmos aquém de alguma expectativa ou de determinada pessoa, maior será a possibilidade de se deflagrar um sentimento de inveja. Em algumas ocasiões perdemos o controle, então, surge a vingança. Infelizmente isto se dissemina muito mais rapidamente no mundo corporativo e quanto maior for o complexo de inferioridade de uma pessoa mais combustível é liberado para aumentar a chama da inveja, naturalmente, para àquelas pessoas que são fracas. O efeito colateral disso, é que a cada dia fica mais difícil criar um clima psicológico saudável dentro da empresa, e acabamos sendo vítimas da sabotagem social e pessoal. A verdade é que muitas pessoas não estão preparadas para administrar suas próprias frustrações e ficam absortas pela fúria quando as coisas não saem como planejaram. O motivo é que estas pessoas não possuem nenhum treino para a contrariedade ou crítica, seja construtiva ou não, é muito difícil para elas admitir o sucesso de uma outra pessoa e o sentimento resultante é a inveja. O invejoso não inveja o que é de uma outra pessoa, mas o que esta pessoa é. Ele não consegue perceber que jamais poderá ser esta outra pessoa, e que insistir nesta empreitada é perda de tempo, pois, deixa de desenvolver suas potencialidades e deixa passar a oportunidade de brilhar com sua própria luz. O tributo maior cobrado pela inveja é estar à sua disposição constantemente, exaurindo esta energia negativa em direção a algo que realmente poderia dar certo. Estas pessoas deveriam usar sua energia para construir algo realmente positivo, mas, infelizmente, não o fazem.Para amenizar a angustia para aqueles que sofrem as conseqüências deste sentimento podemos dizer que as coisas ruins existem e acontecem para nos fortalecer também, por esta razão é necessário ser otimista e encarar que estas pessoas passam por nossas vidas para nos dar a oportunidade de exercitar valores como paciência, tolerância e outros. Sabemos que no geral somos muito sensíveis às experiências negativas e frustrantes, e necessitamos da novidade para reaver nosso equilíbrio psicológico e este apenas se manifestará no ato criativo, na certeza interior de sempre produzir algo, porém, muitas vezes a vaidade pessoal fala mais alto. As pessoas sempre procuram se identificar com o vencedor e muitas sofrem de um terrível medo de a cada dia estar mais distante desse ideal internalizado. Na verdade, a compaixão não é tanto pelo fracasso de não conseguir os mesmos resultados de uma pessoa de sucesso, mas, principalmente, autopiedade por toda a sua insegurança. A inveja é um dos sentimentos mais difíceis de ser aceito pelo ser humano, embora em nossos tempos e nos meios corporativos talvez seja o mais vivenciado, quando deveria ser o contrário onde a amizade, o companheirismo, a ajuda mútua deveriam caminhar paralelamente. Se desde cedo o ser humano não aprender que existirá sempre um muro para o desenvolvimento pleno, com certeza cedo ou tarde as coisas se complicarão. Neste cenário a única opção que temos para alcançar o sucesso na empresa e da empresa é buscar qualidades como confiança, determinação, união e outras, ou seja, a confiança, a entrega, a dedicação e principalmente a fidelidade a causa, ao objetivo comum de todos. Tem que aceitar que a sociedade em que vivemos é sempre comparativa nos seus vários instrumentos de transmissão cultural e no ambiente profissional isto se materializa com muita freqüência. A inveja é o termômetro dos ataques ou injustiças dirigidas, o grande problema é achar que este sentimento é o mesmo que destrutividade o que não é verdade, obviamente, um ato destrutivo pode ser resultante de um sentimento de inveja acumulativo, porém, não podemos esquecer que este sentimento de inveja pode também ser benéfico ao mostrar a nos o que causa o mal estar.Por isso é preciso perdoar estas pessoas e seguir em frente. Perdoar sempre será um ato que implica o extremo peso do passado, mas, temos que estar cientes e conscientes de que haverá sempre uma energia extra e por respeito ao nosso íntimo devemos prosseguir, isto não significa esquecer, pois, perdoar não é esquecer é viver em paz.Não estamos tentando convencer ninguém de que, apesar de tudo, temos que conviver com este sentimento, estamos apenas dizendo que todos estamos sujeitos a isso, pois no fundo, no fundo em cada sentimento de inveja existe um sentimento de admiração. O invejoso quando vê alguém que deveria admirar, tende a diminuir esta pessoa. Esta é a diferença entre as estrelas e os planetas. Cada estrela é de uma grandeza, de um tamanho, como nos, mas tem sua luz própria, brilha com sua própria luz. O planeta não tem luz própria e só consegue brilhar através da luz das estrelas. Por isso que amigo é aquele que fica alegre com a alegria do seu amigo e não o invejoso, que tenta roubar a luz, a alegria do outro. Mesmo porque não se resolve a inveja, o ressentimento, torcendo pela queda do outro, negar as próprias limitações com as limitações dos outros não dá vida a ninguém.É certo que nada que resulte do progresso humano é conseguido com o consentimento unânime e aqueles que são mais iluminados são condenados a perseguir esta vida apesar dos outros. Parece não ser incomum, no meio corporativo, a sina de se conviver com a inveja, a ingratidão e a ambição de pessoas despreparadas, sem visão futura e que por isso agem nas sombras. Pessoas que passam pelo bosque e só vêem lenhas. Pessoas que carregam as características de perdedoras, que só pensam em minimizar o risco, respeitar a cadeia de comando e não exceder ao orçamento. O fato é que somente quando formos padrão de nos mesmos, reencontraremos a alegria de ser o que somos, de ter o que temos, de viver como vivemos. Somente o exercício de autocomparação nos levará à auto-aceitação, à realização do nosso próprio tamanho. Portanto, quando se deparar com este tipo de sentimento ao longo de sua jornada seja você mesmo, ou melhor, seja mais você.